Por que gosto tanto de Michel Houellebecq?


Porque, no seu estilo, ele é o melhor.

Houellebecq é o escritor que no género romance contemporâneo sem fronteiras nem limites de género. faz tudo ao mesmo tempo: ensaio, romance, crónica, sátira, provocação, tese, ironia, humor, guerrilha, poesia, guerra, polémica.



Ninguém tem hoje o seu sentido de provocação e a sua capacidade de transfigurar temas quotidianos dando-lhes uma universalidade concreta.

Houellebecq é um exterminador de rótulos.

Acaba com as etiquetas de direita e de esquerda.

Os fanáticos de direita passam o tempo a adjectivar a esquerda e, quando são adjectivados, choramingam contra o uso de adjectivos.

É pura sacanice, velhacaria, coisa de espertalhões.




O pessoal de esquerda acha Houellebecq de direita por ele ser livre.

Eu tenho os meus detractores de estimação. Eles gostavam mais de mim quando me achavam de direita por eu criticar o estalinismo e o socialismo escroto do leste europeu.

São aquelas pessoas bizarras que elogiam a neutralidade de alguém quando a opinião dele coincide com as suas.

Houellebecq, como eu, é um serial-killer.

Ninguém pode ter a garantia de não ser atingido pela sua prosa.

É um franco-atirador.

Os bichos caretas adoram fazer chantagens e ameaças. Elogiam o passado, sugerem que, se uma pessoa não alinhar no politicamente correcto, será ultrapassado, ficará para trás, será engolido.

Os bichos caretas são pessoas chatas que tentam converter a própria chatice em padrão estético universal.

Houellebecq  extermina-os, fuzila, aniquila.

Os maiores caretas do Portugal de hoje são os laranjinhas, rosinhas e afins, esses que fingem lutar contra a corrupção quando, na verdade, só querem combater as reformas sociais, herdeiros do pensamento do antigo regime, inimigos do povo, do RSI, de tudo o que diminui a indecência da desigualdade na tristemente pôdre democracia económica das castas nacionais que se perpetuam por direitos de nascimento, e onde os favores se obtêm dos "padrinhos" e nas contabilidades das cunhas.



Os livros de Michel Houellebecq falam do saber e do sexo como sistemas de hierarquia social, como mecanismo de reprodução do horror quotidiano, como formas de produzir ilusão por meio da publicidade e dos media, como instrumentos de disseminação de patranhas, como mecanismos de actualização da miséria de todos os dias, essa miséria do imaginário e da imaginação, essa miséria que se difunde no lugar-comum do “todo político é corrupto” ou do Portugal da pobreza envergonhada como país da impunidade.



Tudo lerdo.

Bem lido, Houellebecq é o inimigo mortal da conversa da treta.



Se eu fosse ao leitor, comprava exemplares das partículas elementares e distribuía-os por todos aqueles laranjinhas empedernidos, colegas no seu trabalho.

Quem lê Michel Houellebecq intensamente perde, no mínimo, um pulmão.

Quem o lê correctamente nunca se recupera.

Digo isso modestamente para alertar os patos-bravos.

A verdade nunca se encontra na transparência das coisas.

É só fazer o que eu digo: lêr Houellebecq.

O problema é que depois de ler Houellebecq toda a literatura do seu género fica pálida, uma gelatina sem gosto e sem cheiro.

O pessoal (ainda) não sabe disto.

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