Porque, no seu estilo, ele
é o melhor.
Houellebecq é o escritor
que no género romance contemporâneo sem fronteiras nem limites de género. faz
tudo ao mesmo tempo: ensaio, romance, crónica, sátira, provocação, tese,
ironia, humor, guerrilha, poesia, guerra, polémica.
Ninguém tem hoje o seu sentido
de provocação e a sua capacidade de transfigurar temas quotidianos dando-lhes uma
universalidade concreta.
Houellebecq é um
exterminador de rótulos.
Acaba com as etiquetas de
direita e de esquerda.
Os fanáticos de direita
passam o tempo a adjectivar a esquerda e, quando são adjectivados, choramingam
contra o uso de adjectivos.
O pessoal de esquerda acha
Houellebecq de direita por ele ser livre.
Eu tenho os meus
detractores de estimação. Eles gostavam mais de mim quando me achavam de
direita por eu criticar o estalinismo e o socialismo escroto do leste europeu.
São aquelas pessoas
bizarras que elogiam a neutralidade de alguém quando a opinião dele coincide
com as suas.
Houellebecq, como eu, é um
serial-killer.
Ninguém pode ter a garantia
de não ser atingido pela sua prosa.
É um franco-atirador.
Os bichos caretas adoram fazer
chantagens e ameaças. Elogiam o passado, sugerem que, se uma pessoa não alinhar no
politicamente correcto, será ultrapassado, ficará para trás, será engolido.
Os bichos caretas são
pessoas chatas que tentam converter a própria chatice em padrão estético
universal.
Houellebecq extermina-os, fuzila, aniquila.
Os maiores caretas do Portugal
de hoje são os laranjinhas, rosinhas e afins, esses que fingem lutar contra a corrupção quando,
na verdade, só querem combater as reformas sociais, herdeiros do pensamento do
antigo regime, inimigos do povo, do RSI, de tudo o que diminui a indecência da
desigualdade na tristemente pôdre democracia económica das castas nacionais que
se perpetuam por direitos de nascimento, e onde os favores se obtêm dos "padrinhos" e nas contabilidades das cunhas.
Os livros de Michel Houellebecq falam do saber e do sexo como sistemas de hierarquia social, como mecanismo de reprodução do horror quotidiano, como formas de produzir ilusão por meio da publicidade e dos media, como instrumentos de disseminação de patranhas, como mecanismos de actualização da miséria de todos os dias, essa miséria do imaginário e da imaginação, essa miséria que se difunde no lugar-comum do “todo político é corrupto” ou do Portugal da pobreza envergonhada como país da impunidade.
Os livros de Michel Houellebecq falam do saber e do sexo como sistemas de hierarquia social, como mecanismo de reprodução do horror quotidiano, como formas de produzir ilusão por meio da publicidade e dos media, como instrumentos de disseminação de patranhas, como mecanismos de actualização da miséria de todos os dias, essa miséria do imaginário e da imaginação, essa miséria que se difunde no lugar-comum do “todo político é corrupto” ou do Portugal da pobreza envergonhada como país da impunidade.
Tudo lerdo.
Se eu fosse ao leitor, comprava
exemplares das partículas elementares e distribuía-os por todos aqueles laranjinhas
empedernidos, colegas no seu trabalho.
Quem lê Michel Houellebecq
intensamente perde, no mínimo, um pulmão.
Quem o lê correctamente
nunca se recupera.
Digo isso modestamente
para alertar os patos-bravos.
A verdade nunca se
encontra na transparência das coisas.
É só fazer o que eu digo:
lêr Houellebecq.
O problema é que depois de
ler Houellebecq toda a literatura do seu género fica pálida, uma gelatina sem
gosto e sem cheiro.
O pessoal (ainda) não sabe
disto.
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