sexta-feira, 1 de agosto de 2014

BANCO CORRUPTO SANTO



Era tudo mentira? Era. E era tudo verdade? Era.

Que Deus abençoe o Dr. Ricardo Espírito Santo Salgado. 


Porque, afinal de contas, quase tudo funcionava no país em ligação directa ou indirecta aos interesses do BES, ou do GES.

E sabe-se disso porquê? Por intermédio da detenção do Dr. Ricardo Salgado. E sabe-se, ou passará a saber-se, disso, porque pode ser que se comecem a destapar as fossas do BES e do GES, e da finança nacional, e do sistema de financiamento partidário, e da realidade das empresas e dos bancos, e pode ser que venha a ser possível desmascarar aos olhos do vulgo muita gente e muita coisa que passava por ser verdade.

E era. Mas também era mentira.


Mas ai!, a verdade portuguesa é demagógica e populista.

a mentira é elegante e correcta.

Por isso podem as duas conviver saudavelmente no país.

Pode ser que seja essa a maior desgraça nacional. Sim, desgraça.


Nós é que não percebemos. Porque não podíamos perceber os escaninhos ocultos onde se tecem as verdades e as mentiras para consumo do vulgo pagante de impostos.

E porque também não queríamos perceber e nos refastelávamos na comodidade da mentira e da verdade e quem viesse atrás que fechasse a porta.

E como poderíamos nós perceber onde estava a verdade e onde corria a mentira se, devido ao génio do Dr. Ricardo Salgado, e de outros seus pares, nos deixámos intoxicar de probabilidades de consumo e sumptuária, e como crianças insensatas e mal criadas corremos atrás da música e dos fardamentos novos do crédito fácil que nos abria essa probabilidade desenfreada de consumo?

Não, não queríamos perceber.

Portugal é um criador de cidadãos que preferem não perceber, e quando ao vulgo pagante de impostos deixou de interessar saber onde está a verdade e onde mora a mentira das suas instituições desde que alguém finja pagar-lhe os consumos e a sumptuária e o deixe fazer figuras de rico.

Como poderemos querer saber da verdade e da mentira se nós somos a mentira e a verdade engalanadas?

Honra e glória aos mais altos valores nacionais e ao Dr. Ricardo Salgado.

Era tudo mentira. E é tudo verdade.


É pelos destinos do dinheiro que se percebe muita coisa, incluindo a mentira e a verdade. 

Tudo (ou quase) funcionava em função dos interesses do BES e/ou do GES

e aos poucos talvez se destapem os esgotos da vida nacional, a maldição da dívida pública e privada, a peste do crédito mal parado, a infâmia dos deputados da nação (alguns empregados do BES ou do GES), unânimes em aumentar o próprio salário enquanto cortam no salário de quem os elegeu; o festim das autarquias; as guerrilhas da banca; a tragi-comédia do governo, do presidente e da oposição; a farsa do sistema de financiamento dos partidos (questão central da mentira portuguesa); as aparência da liberdade e da democracia; o espectro constitucional; a nebulosa da Troika; o ilusionismo do crescimento económico; o fantasma da transparência; as vergonhas do emprego/desemprego/sub-emprego; o venalismo da comunicação social. E até o mito fundacional destas coisas todas, o 25 de Abril.


Era tudo mentira. E é tudo verdade



O Dr. Ricardo Salgado prestará decerto inestimáveis serviços ao país quando clarificar – quanto mais não seja provisória e parcelarmente – estes quarenta anos de vida chamada democrática. Pode ser que ele queira explicar algumas coisas – algumas coisas, bem entendido, que as autoridades queiram que seja explicado.


Era tudo mentira. E é tudo verdade.


Honra e glória, repito, aos mais altos valores nacionais do séc. XXI:

a corrupção, o compadrio, o nepotismo, o roubo, a vigarice, a legal trapaça, a violência doméstica, o abuso generalizado – da autoridade às finanças, da confiança ao sexo.

E honra e glória ao Dr. Ricardo Salgado que tanto trabalhou para enaltecer e perpetuar esses valores.



E não foi ele o único, longe disso. Foi só o principal. O herói da finança. O magnífico. Por isso mesmo é que a nossa desgraça é grandiosa. Tão grandiosa como esses valores cimeiros da nossa consciência e da nossa nacionalidade para o séc. XXI.




artigo de Joel Costa publicado em: questoes-de-moral.blogspot

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 "não aceitamos e detestamos a economia paralela (contribuintes e governo) quando se trata da cabeleireira e dos snack bares, mas aceitamos com a maior das complacências que um grande banqueiro diga que se esqueceu de pagar milhões ao fisco.





BES o que não se diz aos PORTUGUESES

e uma


Era tudo mentira? Era. E era tudo verdade? Era.



link para a versão anterior da página do BES entretanto alterada:






Dizia-se lá, entre outras coisas:



“Sabemos que um longo e prestigiante passado, cuja construção assentou em valores éticos e de rigor, é uma vantagem competitiva para enfrentar um futuro pleno de desafios.

 Mas encerra, sobretudo, uma responsabilidade adicional:
 devemos aos que nos precederam, que proporcionemos as mesmas razões  de orgulho pelo trabalho realizado aos que vierem depois de nós.”






e ainda:



“Em julho de 2013 foi atribuído a Ricardo Espírito Santo Silva Salgado o doutoramento honoris causa pela Universidade Técnica de Lisboa”



TEMOS "DÔUTOR"
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